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A mentira não é o motivo

Para a gente que conhece os bastidores do Congresso chega a ser engraçada essa troca de farpas entre Eduardo Cunha e Dilma Rousseff. O presidente da Casa, Eduardo Cunha, afirma que deflagrou o processo de impeachment porque a presidente mentiu. A Dilma diz que quem mente é Cunha. O curioso é que os dois são alvo de icunha dilmanvestigação no Congresso. Há uma comissão especial a ser oficializada hoje para dar o parecer sobre o processo de impeachment. E há a Comissão de Ética da Câmara, que amanhã deve divulgar seu parecer sobre Cunha, que teria mentido na CPI da Petrobrás. Bem, nesse episódio do impeachment da Dilma, todos nós sabemos qual o motivo do aceite do processo: é falta de composição política, não é porque cabe ou não cabe o impeachment. A verdade é essa.

 

E agora? O que vai acontecer?

IMG_1022Que semana, gente! O grande acontecimento daqui, em Brasília, todos vocês já sabem: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitou o pedido do jurista Hélio Bicudo para abertura do processo de impeachment da presidente Dilma. As horas que antecederam esse anúncio foram de enorme expectativa no Congresso, porque todos aguardavam o posicionamento do Conselho de Ética sobre o pedido de cassação do mandato do Eduardo Cunha.

Para mim não foi surpresa, porque estava muito clara a situação: se os três deputados do PT, integrantes da Comissão de Ética, votassem favoráveis à cassação, o Eduardo Cunha aceitaria o pedido de abertura do processo de impeachment. Imaginem a pressão para todos os lados. Coitados desses deputados petistas naquele momento. Se eles votassem contra, estariam contra o partido e a opinião pública; se votassem a favor, teríamos o aceite do pedido de impeachment.

Aqui, a gente vive nessas encruzilhadas, sabe, se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come. É direto isso. Eu não queria estar na pele deles, não. Mas, enfim, eles declararam que votariam pela cassação do Cunha, então, aconteceu o que aconteceu: deflagrado o processo de impeachment da presidente Dilma.

Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas o processo é muito longo.  Criada a comissão especial, com 65 membros titulares e 65 suplentes, ela terá de dar seu parecer sobre a abertura ou não do processo de impeachment. O parecer, então, vai a plenário e o processo só será aberto se dois terços (342) dos 513 deputados votarem a favor. Depois, segue para o Senado onde, em sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, o impeachment somente será aprovado se 54 dos 81 senadores votarem a favor. Viram, não é uma coisa rápida. Nesse meio tempo, só digo uma coisa para vocês: vai valer muito a manifestação popular. Esta Casa é totalmente contagiada pela força da pressão popular. A grande interrogação disso tudo é o que vai acontecer com o Brasil durante todo esse processo?

 

Monstrengo na política

A Reforma Política agora está sendo votada no Senado e está aquele bafafá sobre a janela partidária para os deputados que queiram mudar de partido sem risco de perda de mandato. Vocês lembram, né, da liminar do Supremo assegurando a quem se mudar para um novo partido levar o Fundo Partidário e o tempo de TV? Neste ano, o TSE concedeu registro para três novas legendas: Partido Novo, Rede Sustentabilidade (da Marina Silva) e o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que já tem 22 deputados. Diante disso, um parlamentar muito engraçado aqui saiu-se com essa: “Que monstrengo a gente está criando na Câmara. A Rede só leva peixe, o Novo só leva velho e o da Mulher só leva homem. Acabamos de criar um monstrengo na política brasileira”. kkkkkkk

Perseguição política

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Chico Alencar foi denunciado à Comissão de Ética

Tem um deputado do Psol, o Chico Alencar, que está sofrendo pedido de cassação de mandato no Conselho de Ética. Trata-se de um deputado do qual eu discordo de quase todos os seus posicionamentos, ele é contra a maioria dos meus projetos, mas é um cara que eu respeito muito, é assíduo, dedicado, está sempre nos embates, lutando pelas coisas em que acredita. Eu admiro muito pessoas assim, que trabalham, que são responsáveis.  O Paulinho da Força, do Solidariedade, foi quem fez a denúncia, acusando o Chico Alencar de ter usado recursos da Câmara para fins eleitorais, tendo parte da sua campanha financiada por funcionários de seu gabinete, e de ter supostamente apresentado notas frias por serviços prestados por empresa fantasma para ser ressarcido. Gente, é pura perseguição política. Chico Alencar pertence a um dos partidos que protocolaram o pedido de cassação do Eduardo Cunha. Se tem uma coisa que eu odeio na política é quando usam dessas artimanhas horríveis para tentar se sobrepor ou intimidar. Política tem de ser feita com construção, com coisas positivas. Acho que nós mesmos denegrimos nossa classe. Para mim, essa é a situação do Chico Alencar. Apesar de não compartilhar das ideias dele, é um deputado que trabalha demais. Foi um dos mais votados no Rio de Janeiro e não merece essa perseguição. A gente lê uma notícia que fulano de tal está com processo de cassação no Conselho de Ética e não necessariamente isso significa que ele é bandido, muitas vezes trata-se meramente de uma perseguição política. Precisamos ficar atentos. Na política, o jogo costuma ser muito sujo.

 

Números impressionam

Estava com o consultor legislativo discutindo alguns projetos de lei, aí veio a pergunta que virou rotina aqui: E aí, o que acontece com o Eduardo Cunha, com a Dilma? Acreditem ou não, nem nós sabemos. Aqui é impressionante como as coisas acontecem de um dia para outro. Quem diria que o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, um dos homens mais importantes daquela Casa, no dia seguinte estaria preso. E o próprio Senado votando a manutenção da prisão dele. E se amanhã o Eduardo Cunha sair da presidência da Câmara, que é o que o povo quer, quem será o sucessor? O Legislativo agora entende o que é ser um poder independente, queira ou não, goste ou não, por causa do Eduardo. A gente não vai se acostumar mais com o Legislativo dependente do Executivo. Então, quero ver como vai ser encontrar um nome que mantenha a independência desta Casa. Leiam que interessante os números que a consultoria legislativa me forneceu, que comprovam o quanto o Legislativo avançou neste ano: numa legislatura, que seriam os 4 anos de mandato entre Senado e Câmara, existem em média 6 mil projetos protocolados. Na última legislatura, desses 6 mil, veja bem, foram aprovados 200. E desses 200, 160 eram de iniciativa do Executivo. Ou seja, nos quatro anos de mandato, somente 40 projetos parlamentares foram aprovados. Agora, olhem que interessante os números da atual legislatura:  em apenas cinco meses já foram aprovados mais de 80 projetos do Legislativo, mais que o dobro dos quatro anos anteriores (2011-2014). Isso significa que há bons projetos, mas os autores eram ineficientes na hora de aprovar, porque vários protocolavam apenas para colocar na prestação de contas (autor do projeto tal), não estavam preocupados com a aprovação de suas propostas. Então, na época, tinha muita discussão e pouca efetividade.  Agora, temas que há muito tempo estavam travados na Casa foram votados em menos de um ano de gestão parlamentar. Então, independentemente de quem, por ventura, venha a substituir o Cunha na Câmara, o que nós, brasileiros, não podemos mais aceitar é um Legislativo subordinado ao Executivo. Acreditem, isso é a pior coisa que pode acontecer no Brasil. Nós temos de ter essa separação de poderes, porque a discussão é saudável para o País. Nós votamos em pouco meses Reforma Política, Maioridade Penal, repatriação de bens; agora estamos debatendo a regularização do jogo, direito autoral, reforma tributária, olha quantas coisas a gente está tirando da gaveta em uma só legislatura. E nós, políticos, não podemos mais aceitar a subordinação ao Executivo. Eu entrei agora no Congresso, mas o deputado Irajá Abreu, que estava aqui na legislatura anterior, é testemunha do quanto a coisa mudou por aqui. A gente tem de manter isso, seja quem for o próximo presidente da Casa.

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Em apenas cinco meses, Congresso aprovou 80 projetos do Legislativo

Comemorar ou não?

Gostaria de perguntar uma coisa para vocês. Uma leitora disse ter se sentido incomodada com o fato de eu comemorar alguns projetos aprovados, como a redução da Maioridade Penal. Na votação desse projeto, eu vesti camisa, subi na mesa, festejei aquela vitória, porque era uma matéria que eu defendia. Ela disse ser contra a redução da idade penal e, apesar de respeitar meu voto, meu ponto de vista, minha opinião, sentiu-se incomodada com a minha comemoração. Queria ouvir a opinião de vocês, como pensam sobre isso? Se incomodam se eu comemorar a aprovação de uma proposta da qual possam ter posicionamento diferente? Será que comemorar ofende aqueles que votaram em você, mas que não pensam ou acreditam naquele ponto como você?

Oposição e Situação

Se tem uma coisa que me irrita muito em Brasília é essa questão de ser situação ou oposição. Tinham os vetos presidenciais a serem votados, e muitos deputados da oposição eram a favor da derrubada um deles. Só que era importante manter o veto, por uma questão de economia do Brasil, de credibilidade. Eu, logo no início do mandato, votei a favor do Ajuste Fiscal. Independentemente dos erros cometidos pelo PT, e ele os cometeu mesmo, isso inegável, a gente não pode querer ‘fritar o governo’, ou ‘prejudicar o governo’, o governo é o Brasil, então, o que for necessário para resgatar de vez a credibilidade e melhorar a política no País acho que é justo fazer. E quando não for a favor do proposto pelo governo, quando aquilo vai ser prejudicial ao País, então, vota contra. Um deputado da oposição me disse: “Isso é um absurdo, esse veto tem de ser mantido”. “Mas como você vai votar?”, perguntei. “Eu vou pela derrubada, porque eu sou oposição, e aí a gente pode bater um pouquinho no governo, né?” Ah, gente, isso é demais, vamos votar pela nossa consciência, pelo que achamos certo. Eu fiquei muito chateada pelo veto do Judiciário, tenho uma pessoa muito próxima, que me ajudou muito, sabe, uma grande amiga, que é servidora do Judiciário, era importante para a categoria o reajuste salarial, mas eu ficava preocupada pelo resto do Brasil, sabe. Então, a dúvida foi enorme, tinha um lado pessoal forte, mas também tinha um sentimento de responsabilidade pelo País tão forte quanto. Agora, você ter consciência do seu voto e votar contra ou a favor só porque é oposição ou situação, aí eu acho demais. Temos de ser independentes e votar naquilo que acreditamos ser bom para o Brasil. Infelizmente, aqui são poucos os que têm essa independência de fato. Ser oposição ao governo é uma coisa, ser oposição ao País é outra!

Que a Justiça prevaleça, sempre

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Senado votou pela manutenção da prisão

Esta semana em Brasília não preciso nem escrever como está, né? Era para ter sessão do Congresso, mas foi cancelada por causa da prisão do senador Delcídio do Amaral e pela votação favorável do Senado à ordem do Supremo para prendê-lo. O clima está terrível por aqui, ninguém sabe para onde a gente vai, o que vai acontecer. As reuniões das comissões foram praticamente canceladas por causa desse episódio. Apesar de ser muito ruim para a classe política e para o Brasil também, acredito que estamos vivendo um avanço democrático. Muito errado o que vem acontecendo, com alguns usando de seus cargos públicos para fazer negócios obscuros, fazer dinheiro, esquecendo o bem maior de estarmos no Congresso. Entretanto, creio que os mais recentes episódios farão com que essa parcela que se desvia de suas funções repense e passe a temer a Justiça. O Brasil precisa passar por isso. A situação é drástica, mas começamos a ver a luz no fim do túnel. Ontem, conversava com o deputado Irajá Abreu, filho da ministra Kátia Abreu, a quem levei um livro da Família Abreu e, como também sou Abreu, costumo chamá-lo de primo. Falávamos sobre esse momento no qual ninguém mais acredita nos políticos, o PIB está caindo, a inflação subindo, desemprego aumentando, empresários e executivos das maiores empreiteiras do País presos, fazendo com que as empresas estejam ameaçadas de falência, colocando em risco milhares de empregos. Olha que complicado. Sinceramente, é muito difícil esse período que o Brasil atravessa, mas acho que estamos vivendo um momento de transição, em que a gente tem de ter cautela, torcer e orar muito, para que no final tudo dê certo. Fico feliz que começamos a combater a impunidade e que a Justiça está sendo feita. Agora, esses políticos têm de tomar vergonha na cara, porque foram eles que, roubando e extorquindo, acabaram fazendo com que os bons políticos sejam considerados farinha do mesmo saco, ofendidos e chamados de bandidos. Que a Justiça prevaleça e seja feita sempre. Para o bem de todos, para o bem do Brasil!

Viciados em política

senado delcidio tv globoQuarta-feira foi aniversário da deputada Mariana Carvalho, de Rondônia. Como a sessão em plenário terminou cedo, fomos para a casa dela. Este ano foi muito corrido, mal tivemos tempo desses encontros pós expediente, que são bons, revigora, ainda mais quando se trabalha numa casa que é de coalizão. Esses são momentos muito importantes, porque política se faz com relacionamento. Ao chegar na residência dela, havia um músico tocando violão e a TV mostrava Santos x Palmeiras, pela Copa do Brasil, só que ninguém estava olhando para o jogo. Mas, quando começou o Jornal da Globo, pediram silêncio e aumentaram o volume do aparelho para ouvir o noticiário sobre a prisão do senador Delcídio. Eu, que sou jovem e tenho muitos amigos de faculdade, nunca vi um happy hour ou uma confraternização de aniversário ser interrompida, parar a música, pedir silêncio para assistir o noticiário da TV. Olha os viciados em política! Hehehehe

Mídia não deveria induzir

Estava olhando o site de um jornal e tinha um pessoal atacando um pré-candidato a prefeito no Estado de São Paulo. Isso me chamou atenção, porque talvez a população não saiba disso: a imprensa, que se diz tão idônea e transparente, é muito comprada. As prefeituras e os governos aumentam os contratos de publicidade na mídia como moeda de troca para bater no opositor, que não tem essa ferramenta. Precisa ficar muito atento ao ler jornal, ler notícias na internet, nos rádios ou nos blogs, porque se eles batem em um só, do nada, podem ter certeza que estão vendendo apoio. Geralmente nessa época, que antecede eleição, os governos municipais e estaduais sempre aumentam os contratos publicitários com a imprensa e, se isso não é feito, apanham também. Quando começam a bater é porque o ‘agredido’ deixou de anunciar. Quando começam a atacar um é porque o concorrente está anunciando. Me dá nojo, sabe. Quem tem de moralizar fica só criticando os políticos, denegrindo a imagem dos políticos, mas faz a mesma coisa, vende seu apoio. Nós temos de ter consciência disso para não sermos enganados por quem deveriam nos informar, e não nos induzir. Isso é muito ruim!

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