Bate-boca com e sem ‘classe’
Vocês ficaram sabendo do quebra-pau no Senado entre o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e o senador Ronaldo Caiado, durante audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas? É engraçado como eles se atacam com ‘classe’. “Vossa Excelência é um bandido. Bandido safado”, atacou Caiado. “Olhe o decoro parlamentar, bandido é Vossa Excelência”, revidou o ministro. Ninguém sabe ao certo qual teria o motivo real dessa rusga, mas é incrível a capacidade que eles têm de discutir sem perder a pose.
Em contrapartida, no plenário da Câmara, a discussão entre dois deputados por pouco não terminou em briga. Da tribuna, João Rodrigues atacou Jean Wyllys, que é contra a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, dizendo que ele é “defensor de bandidos e ligado a quadrilhas, ao narcotráfico”. O contra-ataque veio rápido, com Wyllys acusando Rodrigues “de roubar dinheiro público, condenado por improbidade administrativa e de ver filme pornô na hora da sessão”. Aqui, a discussão não teve aquela formalidade de Vossa Excelência é isso, Vossa Excelência é aquilo, mas o barraco chamou atenção de todos. Incrível, ninguém presta atenção quando alguém fala na tribuna, mas basta ter bate-boca que todo mundo se volta para ver tão deprimente embate.
É interessante relatar esses bastidores para vocês. Eu evito fazer esse tipo de confronto porque acho que nosso papel aqui é produzir um bom andamento legislativo que contribua para o País. Não conseguiria ficar batendo de frente com as pessoas. Entendo que o nosso papel não é criar ‘fatos’ para aparecer na televisão, mas fazer o negócio funcionar. Às vezes perde-se muito tempo nesta Casa com um querendo prejudicar o outro, nós mesmos denegrimos a imagem dos políticos. Quando acontece isso, saio de perto. Minha preocupação é fazer a lição de casa. Estou muito feliz assim, já aprovei três projetos, um dos quais já está no Senado. Isso é muito difícil aqui, principalmente em menos de um ano de primeiro mandato, mas eu fico articulando muito e convencendo os deputados e todos das comissões a aprovarem minhas propostas. Entre ficar brigando publicamente ou fazer o negócio acontecer, prefiro estar nos bastidores.