nov 20, 2015 - câmara dos deputados    2 Comments

Brasília pega fogo

Mais uma semana muito tensa em Brasília. As votações voltaram a avançar a madrugada, por causa dos vetos presidenciais a projetos aprovados nas duas Casas legislativas federais. Pressão para todos os lados. Só para relembrar o que são essas votações dos vetos: toda vez que um projeto é aprovado na Câmara e no Senado, ele vai para sanção da presidente da República. E a Dilma pode vetar ou não a proposta. Quando veta, o texto retorna ao Parlamento para que, em sessão conjunta, deputados e senadores decidam se mantêm ou derrubam o veto. Só que para derrubar é preciso ter maioria absoluta, ou seja, 257 votos de deputados e 41 de senadores.

E nesta semana os temas foram bem polêmicos. Eu mesma estava com muitas dúvidas em vários deles, mas um dos principais era o dos servidores do Judiciário, que pleiteavam reajuste salarial que não ocorre há 9 anos. Muito justa a luta deles, fizeram um trabalho maravilhoso, intenso, indo de deputado a deputado, muito empenhados na causa. Por que era muito difícil para mim esse projeto? Porque eu sou a favor do mérito da proposta, mas, diante da situação financeira do Brasil hoje, seria muito irresponsabilidade ir contra o veto. Foi muito difícil. Muita gente pensa só na política, em ficar bem com o Judiciário, não pensa nas consequências, mas eu me preocupo muito com o País, e todos vocês sabem como está a nossa situação econômica e financeira. Conversei muito com os servidores do Judiciário, acabei ficando muito amiga deles e sempre deixei muito clara a minha posição de dúvida. Optei pela abstenção. Me senti um pouco culpada, porque eles perderam por seis votos, não imaginava isso, aliás, ninguém imaginava. Imaginava, inclusive, que o veto seria derrubado, mas ia me sentir muito culpada se votasse a favor deles, porque não estaria pensando no País. O mesmo sentimento teria se votasse contra a categoria, porque é uma injustiça a falta de reajuste salarial, por isso, a abstenção. Tem horas aqui que você fica realmente entre a cruz e a caldeirinha.

Outro veto em discussão no plenário era o do reajuste das aposentadorias pelo mesmo índice do salário mínimo. Também tive muitas dúvidas, mas acabei votando a favor dos aposentados (portanto, contra o veto presidencial), porque muitos ganham um salário mínimo e enfrentam enorme dificuldade no dia a dia diante do valor que recebem. E o que eles recebem de aposentadoria é bem menor do que o salário do Judiciário.

Votei também contra o veto ao voto impresso nas eleições, porque foi uma conquista na Reforma Política. Agora, o voto impresso vai para apuração. Um dos pouquíssimos países do mundo com votação eletrônica é o Brasil, nem os Estados Unidos adotam esse sistema. Ouvi muitas denúncias de fraudes em urnas eletrônicas, realmente é duvidoso. E por fim, fui a favor do veto presidencial ao financiamento privado nas eleições, proibindo a doação de empresas para candidatos, como a Câmara e o Senado já tinham aprovado. Só que ficou uma inconsistência nessa questão, como não se aprovou o financiamento público, temos uma incógnita aí: se não tem público e não tem privado, tem o quê afinal?

Enfim, foi, realmente, uma semana muito cansativa, muito longa, de muitas articulações. Semana que vem deve votar a PEC da Janela, para que parlamentares possam mudar de partido. Há muitas conversas aqui e o clima está muito turbulento. Ninguém sabe o que vai acontecer, Cunha, Dilma, manifestações lá fora, índios, movimentos das ruas, dos jovens. Brasília está pegando fogo.

plenario

Sessão do Congresso para a votação dos vetos presidenciais

2 Comentário

  • Uma coisa que não consigo entender aqui no nosso país, que um trabalhador que leva várias décadas para se aposentar e, que paga imposto de renda a vida toda como trabalhador, depois que aposenta continua a pagar.
    Aposentados, deveriam ficar isentos desses impostos.
    São de projetos como esse, que deveriam ser apresentados na câmara federal, isentar aposentados de pagar imposto de renda.
    Acho que esses tipos projetos, nem são levados para apreciação e votação.

  • Como deixam uma categoria de trabalho ficar 9 anos sem nenhum reajuste, deveriam explicar melhor isso, o porque de tanto empo sem aumentos, para entendermos melhor a questão.
    As coisa acontecem na vida da gente, porque permitimos que elas acontecem.
    Sobre as aposentadorias, se dão um determinado reajustes aos aposentados que ganham salários mínimos e não dão o mesmo valor as demais aposentadorias, óbvio, que vai chegar um tempo que os que ganham mais e não recebem os mesmos valores de quem ganha o mínimo, vão ficar bem perto de receber o mínimo.
    Não é justo isso, aliás, aposentados aqui no nosso país tem que ser artistas para poder sobreviverem, fazerem uma grande ginastica, caso contrario não fazem nem para os remédios.
    A discrepância social aqui no nosso país é muito grande, a cereja do bolo, óbvio, não é para todos.
    Isso tudo nos faz repensar muitas coisas que acontecem aqui e chegarmos a conclusão que só tem uma saída para o nosso país, a educação.
    Só com educação vamos melhorar essa nação, tudo na vida passa por ela.
    As grandes nações investiram e investem muito em educação, porque ela faz as pessoas pensarem e crescerem na vida.
    Educação é tudo, gente, será que ainda não descobriram isso.
    Tudo passa por ela, sem ela vamos ficar na rabeira para sempre.
    Só a educação é capaz de melhorar o ser humano e consequentemente uma nação.

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