nov 2, 2015 - câmara dos deputados    3 Comments

Bate-boca com e sem ‘classe’

senado briga caiado bragaVocês ficaram sabendo do quebra-pau no Senado entre o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e o senador Ronaldo Caiado, durante audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas? É engraçado como eles se atacam com ‘classe’. “Vossa Excelência é um bandido. Bandido safado”, atacou Caiado. “Olhe o decoro parlamentar, bandido é Vossa Excelência”, revidou o ministro. Ninguém sabe ao certo qual teria o motivo real dessa rusga, mas é incrível a capacidade que eles têm de discutir sem perder a pose.

camara rodrigues wyllys brigaEm contrapartida, no plenário da Câmara, a discussão entre dois deputados por pouco não terminou em briga. Da tribuna, João Rodrigues atacou Jean Wyllys, que é contra a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, dizendo que ele é “defensor de bandidos e ligado a quadrilhas, ao narcotráfico”. O contra-ataque veio rápido, com Wyllys acusando Rodrigues “de roubar dinheiro público, condenado por improbidade administrativa e de ver filme pornô na hora da sessão”. Aqui, a discussão não teve aquela formalidade de Vossa Excelência é isso, Vossa Excelência é aquilo, mas o barraco chamou atenção de todos. Incrível, ninguém presta atenção quando alguém fala na tribuna, mas basta ter bate-boca que todo mundo se volta para ver tão deprimente embate.

É interessante relatar esses bastidores para vocês. Eu evito fazer esse tipo de confronto porque acho que nosso papel aqui é produzir um bom andamento legislativo que contribua para o País. Não conseguiria ficar batendo de frente com as pessoas.  Entendo que o nosso papel não é criar ‘fatos’ para aparecer na televisão, mas fazer o negócio funcionar. Às vezes perde-se muito tempo nesta Casa com um querendo prejudicar o outro, nós mesmos denegrimos a imagem dos políticos. Quando acontece isso, saio de perto. Minha preocupação é fazer a lição de casa. Estou muito feliz assim, já aprovei três projetos, um dos quais já está no Senado. Isso é muito difícil aqui, principalmente em menos de um ano de primeiro mandato, mas eu fico articulando muito e convencendo os deputados e todos das comissões a aprovarem minhas propostas. Entre ficar brigando publicamente ou fazer o negócio acontecer, prefiro estar nos bastidores.

 

3 Comentário

  • Mesmo com a experiencia malsucedida de ambos, já que a turma do deixa disso, entraram em ação, ficou caracterizado aquele refrão; “a má ação fica sempre para quem faz”.
    Não é hora disso, ainda mais no congresso nacional.
    Perplexidade, com mais um péssimo exemplo, vindo dos políticos.

  • É até engraçado. Você (Vossa Excelência? 🙂 ) conseguiu aprovar três projetos em um ano, e não aparece na mídia. Imagino quantos deputados estão trabalhando para tornar o Brasil melhor, e que também ficam nos bastidores, longe das telas. Deve ser isso que torna a visão da política tão ruim aos olhos da população, só se vê os escândalos, os projetos polêmicos, as brigas.

    Deputada, será que haveria uma maneira de colocar os bons políticos em evidência? Algo como mostrar quem tem feito um bom trabalho, sem precisar entrar em páginas e páginas de dados, separando o joio do trigo. Acho que seria excelente para a visão popular da política, ao mesmo tempo em que mostra quem são aqueles que realmente merecem estar na Câmara.

    • Oi, Tiago. Sabe estou pensando muito sobre isso que você escreveu. Precisamos fazer algo. Essa crise política que o Brasil enfrenta atrapalha muito todos nós. E tem muita gente boa nesta Casa. Mas, como você muito bem escreveu, não interessa para a imprensa porque não dá ibope mostrar coisas boas. É só coisa ruim, criticando todos e colocando tudo como farinha do mesmo saco. Chega uma hora que os bens intencionados desistem porque não precisam sofrer este desgaste enorme ou se debandam para outro lado. Eu tenho muito medo da política, sabe. Ela é maldosa e pode acabar com sua família e com seu psicológico, mas é gratificante demais quando você consegue aprovar algo que acredita, quando consegue olhar para aquilo e falar ‘puxa, dei minha contribuição para o País. Cada vez que meus filhos lerem esta lei saberão que foi uma luta da mãe deles. Isso é demais! Imagine se eu conseguir aprovar meu projeto maior, que é a inclusão da Educação Cidadã nas escolas (ensino político e direitos básicos)! Quantas gerações serão impactadas pela minha luta? Poxa, isso não tem preço para mim, mas que dá muito medo, isso dá. É só você ter um pouco de visibilidade para todos te atacarem, inventarem histórias, acabarem com sua estrutura psicológica. Mas precisamos resgatar, de verdade, o sonho dos brasileiros, instruí-los melhor, para que sejamos criticados com coerência e por cidadãos que conhecem os bastidores e não por influência midiática que domina a mentes dos brasileiros somente pela retórica com que relata os fatos. Olha, o caso do projeto do aborto por exemplo: a notícia foi: “Câmara aprova projeto que dificulta aborto em caso de estupro”, não fica parecendo que nós aprovamos um projeto que proíbe o aborto em caso de estupro? Muitaaaa gente entendeu isso e ficou ofendendo os deputados sem nem ler o projeto, mas por influência da mídia. Imagine se ela tivesse divulgado o fato correto, “Câmara aprova projeto que exigirá boletim de ocorrência para autorizar o aborto legal”, será que a população não teria entendido diferente? A mídia exerce papel fundamental na nossa sociedade, por isso precisa participar deste processo para resgatarmos a credibilidade naqueles que governam o País, e com isso trazermos mais sonhadores para esta Casa. Muito obrigada pela sua participação e de todos aqui.

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