Coisas boas não são divulgadas
Contratei uma jornalista para escrever um livro sobre o meu pai, José de Abreu, cuja história de vida é muito bonita. Estava lendo alguns capítulos já prontos. Um dos depoimentos é da minha mãe, Cristina de Abreu, e, ao lê-lo, disse “é isso, mesmo”. A gente tem lá no Centro de Tradições Nordestinas, a nossa ONG em São Paulo, um trabalho social muito bonito. Em determinado ano, fizemos uma campanha, chamada SOS Nordeste, arrecadando alimentos para mandar ao povo nordestino. Na época, uma emissora de TV quis falar com a diretora do CTN, que era justamente minha mãe. Mas, quando a equipe de reportagem soube que ela era a esposa do deputado José de Abreu, alegou que não iriam mais entrevistá-la porque não poderiam promover um deputado, ou seja, promover as coisas boas que um político faz a mídia diz que não pode, mas as coisas ruins sempre têm espaço garantido. Por isso, acho que a mídia também é responsável por desestimular pessoas do bem a ingressarem na política. Por que um político, ou sua família, não pode dar entrevista sobre um trabalho social bonito que realiza? Isso aconteceu comigo também, quando estava à frente do comando do CTN. A imprensa precisa rever seus conceitos, quando passar a divulgar que existem políticos que também fazem coisas boas iremos, naturalmente, atrair outras pessoas do bem a participar da política. Não é isso que acontece, infelizmente!