ago 12, 2015 - câmara dos deputados    2 Comments

Brasília lotadaaaaa!

pec433

Corredores lotados por representantes da AGU,  Polícia e Receita Federal

Depois de uma segunda-feira de agenda intensa em São Paulo, sem parar um minuto, comendo marmita e mal conseguindo ir ao banheiro, chego em Brasília e… lotadaaaaa! Lotada de trabalhadores da AGU (Advocacia-Geral da União), delegados de Polícia, fiscais da Receita, auditores e peritos, todos para acompanhar a votação das emendas da PEC 443, que vincula os salários da Advocacia-Geral da União (AGU), delegados de Polícia e procuradores estaduais e do Distrito Federal ao subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), teto do funcionalismo público. Nesta terça-feira foram votadas emendas para incluir as demais categorias. A AGU e os delegados não queriam que passasse, porque já têm PECs transitando na Casa que tratam dessas outras profissões, que, por sua vez, pretendiam entrar de carona para aprovar tudo junto. A questão é que essa carona poderia atrapalhar e prejudicar o segundo turno da 443, voltada apenas à AGU e delegados de Polícia e aprovada semana passada em primeiro turno. Por isso eles estavam contra e articulando pela reprovação, enquanto os auditores fiscais articulavam pela aprovação da emenda. Eu falo uma coisa para vocês: se um dia quiserem aprovar um projeto, a pressão popular é o que vale nesta Casa. Eu fiquei impressionada. Na semana passada, a maioria dos deputados era contra a PEC 443, mas quase todos votaram a favor. É impressionante o que um grupo bem articulado, a pressão popular, consegue fazer aqui, na Câmara. Para vocês terem uma ideia, o salão verde parecia um show de rock, com tanta gente concentrada ali. E eu, com aquele botton de deputada, era parada a cada segundo. Falei até que gostaria de estar com o adesivo de visitante na roupa, porque foi terrível, não dava para andar. Fiquei com dó dos parlamentares mais conhecidos. Não conseguiam dar um passo sem serem abordados. No final, não passou a emenda dos auditores e eles começaram a gritar nas galerias: “A Receita vai parar, a Receita vai parar”. Aí, um deputado, para descontrair um pouco após tamanha pressão em plenário, brincou: “Ainda bem, porque se eles trabalhassem, eu estava frito” (risos). Ele votou contra.

2 Comentário

  • O País vive momentos de crise financeira e o Congresso concede aumento ao Judiciario. Como pode isso? Porque algum deputado não propõem uma diminuição no valor de seus salários? Isso ninguém faz.

    • Acredito que não é o momento para se conceder aumento para nenhuma categoria. Nem mesmo para professores ou policiais, quanto mais para esses “sangues azuis” das carreiras jurídicas. O país está em crise e o ajuste fiscal é essencial para que ele saia dessa situação.
      Por outro lado, parece-me uma falta de inteligência dos senhores deputados, sobretudo os da base governista, contrariar uma categoria essencial para a arrecadação. Pelo que li, os auditores estão reclamando mais por perderem a prevalência salarial no Executivo do que por não terem sido contemplados pelo aumento em si.
      Uma greve na Receita, nesse momento, atingindo diretamente a arrecadação, pode levar o país a perder o grau de investimento. Isso sem falar no reflexo imediato nos estados e municípios com a queda no Fundo de Participação.
      Espero que o Senado aja com mais sobriedade e derrube essa PEC 443.

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