ago 8, 2015 - câmara dos deputados    4 Comments

Aposta saborosa

No final da extensa sessão para votar a PEC 443, com todo mundo pressionando e orientando o voto ‘sim’ ao substitutivo do projeto original, um deputado me disse:  “Gente, não existe isso. Como é que vai vincular os salários de todas essas categorias ao subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal? O impacto vai ser enorme. Não vai passar”. E eu respondi: “Olha, do jeito que está a pressão neste plenário, com as galerias pressionando todos os deputados, passa sim, e passa atropelando. Não era o momento de votar isso, desse jeito que está sendo proposto, por causa da situação que vive o país, embora a reivindicação de tantos anos também seja justa”. Fizemos uma aposta. E eu ganhei uma caixa de bombons, que foi entregue no meu gabinete. Foi muito bom, o chocolate (risos)

4 Comentário

  • Deputada Renata Abreu,

    Em primeiro lugar, obrigado por me responder. Isso já me mostrou que você tem caráter. Temos um problema sério no Brasil (entre centenas) que após as eleições é levantado um muro gigante entre os eleitores e os elegidos. Sua resposta para mim mostra um pequeno furo nesse muro. Eu achava que meu comentário nem iria ser publicado.

    Segundo lugar, você está certa. Você tem sim, todo o direito de descontrair um pouco em seu ambiente de trabalho. E sim, eu não sei o que acontece dentro de uma câmara dos deputados. Tudo é muito obscuro para nós cidadãos. Os seus posts esclarecem um pouco, mas é muito pouco. Eu não entendo por exemplo:
    – Como que se admite o funcionários da AGU invadirem o Congresso assim, no dia de votar o aumento dos seus salários?
    – o que significa a AGU pressionar? o que eles ameaçam se a lei não for aprovada?
    – por que estão tendo tantas votações de madrugada? qual é a dificuldade de votar de dia?

    Terceiro lugar, o motivo do meu comentário foi um só. O seu voto a favor da PEC 443. Tanto que eu também comentei no seu post “PEC 443: muita água vai rolar” antes de fazer esse comentário, mas você (ou seus assessores) não publicou. Para mim é inadmissível o seu voto aprovando uma lei inconstitucional com o país na situação que está. E pra piorar você ainda me faz um post antes dizendo que está preocupada com o futuro do país.

    Para concluir, eu acho que trabalhar na política uma profissão linda. Você pode agir positivamente na vida de muita gente colocando suas ideias. Por favor, ajude a levar a voz do povo brasileiro para dentro do congresso nacional.

  • Apesar de ter ganho a caixa de bombons, acredito que a deputada preferiria ter perdido a aposta, não é mesmo? Acompanhei pela TV a sessão da PEC 433 e, como bem relatado no post anterior, a pressão sobre os deputados foi tamanha que imagino o quanto todos vocês ficaram divididos na hora da votação. Agora, é torcer para que no segundo turno haja outros substitutivos para que a causa não prejudique ainda mais a situação do Brasil.

  • Você ganhou uma caixa de bombons e país perdeu mais alguns bilhões para o funcionalismo público.

    Parabéns

    • Denis, não depende só de mim. A grande verdade é que ninguém entendeu o que aconteceu naquela Casa nesses dias. Eu mesma nunca acreditei que esta PEC iria ser sequer pautada. Mas, diante da tensão e no final da votação e do trabalho as 2 da madrugada, qual o problema de sugerir um placar? Eu acho engraçado a hipocrisia do nosso povo muitas vezes: deputado que aparece com um copo de cerveja na mão não presta (como se toda a sociedade não bebesse cerveja), que faz uma piada é porque não está preocupado com o País, entre outros paradigmas que precisamos quebrar. Sou um ser humano! Estudei o assunto e ouvi todas as partes do processo. Quem está de fora e não participa dos debates internos muitas vezes não entende o porquê de nossas escolhas. O fato é que depois de tantas discussões e estudos decidi meu voto e, para desestressar antes de abrir o placar, apostei o resultado da votação com um colega, já que a partir daquele momento o que valeria não era o voto só meu e o dele, mas da maioria, já que, felizmente, vivemos numa democracia. O que nós discutíamos ali era somente o resultado baseando no impacto da pressão popular e não o projeto em si. Inclusive, este deputado tinha votado ao contrário do que ele mesmo apostou, porque achava que o sentimento da maioria era diferente do dele. Bom, enfim, não é porque fizemos uma brincadeira na apuração da votação que isso significa que o meu voto ou o de qualquer um ali dentro não tenha sido plenamente debatido e escolhido de forma criteriosa e muito menos que estamos despreocupados com a situação do País. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Espero ter esclarecido e continuarei contando o que me propus: os bastidores. Isso inclui TUDO, até as brincadeiras, piadas, sentimentos e motivações. Isso não é um diário para inglês ver e parecer que os deputados são semi-deuses perfeitos, que tomam todas as decisões corretas e não pecam. Brinco, sim, como provavelmente você também o faz no seu ambiente de trabalho e com seus colegas, mas isso não tira de mim e nem de você o compromisso e a responsabilidade com o que nos foi delegado. Bom humor não é falta de seriedade. Não sejamos hipócritas!

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