Archive from fevereiro, 2017
fev 10, 2017 - Sem categoria    2 Comentário

Dia de 24 horas é pouco

Estou prevendo um ano muito puxado, muito mesmo, e com tempo menor do que a quantidade de coisas a fazer. Parei pra refletir sobre meu dia a dia no Congresso. Deputada de primeiro mandato, com três eleições para presidente da Câmara, um impeachment e muitas outras votações polêmicas que mobilizaram o Brasil todo. Agora tem pela frente a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, a segunda Reforma Política… que experiência adquirida, gente! Fora o reposicionamento do meu partido, que exige a formatação do planejamento anual, palestras, divulgação, disseminar nossas ações e projetos, algo bem grandioso. Mil coisas fervilhando na cabeça! Aí você é interceptado no caminho por um colega pedindo apoio a seu projeto, é outro que te encontra no corredor para falar de uma proposta, e assim é o dia inteiro. E mais: está terminando o prazo de os deputados indicarem suas emendas parlamentares para recursos federais nos Estados, então, há uma invasão de prefeitos e vereadores, você não consegue ficar no gabinete (exceto de madrugada, quando não há mais ninguém no prédio). Como você precisa planejar as emendas, não dá para fazê-lo ali. 48-horasAté que consegui atender vários prefeitos, semana que vem virão outros, mas é impossível dar conta de falar com todos. Tenho também de entregar a relatoria do Ecad, que demorei bastante porque quis ouvir muita gente, mas agora o relatório está bem maduro. Ainda estou lutando pelo PL da Legalização dos Jogos no Brasil, contra o Bloqueio do WhatsApp, nosso projeto de Educação Cidadã. É muita articulação pra fazer ao mesmo tempo. Vinte e quatro horas por dia já eram insuficientes no ano passado; este ano, precisarei de pelo menos 48 horas por dia. Ufa!

De olho no vizinho

Esta semana fui ‘atacar’ o Senado. Depois que fizemos a nossa bancada na Câmara dos Deputados crescer, agora estamos de olho na casa vizinha. Só posso adiantar que tem senador muito entusiasmado com o nosso Movimento Podemos, um novo jeito de fazer política, tendo o povo como protagonista. Aguardem!

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O jogo do poder

as 48 leis do poderTenho uma dica para vocês, importantíssima. Eu estava falando com um amigo sobre o jogo político daqui, esse xadrez jogado no escuro. As pessoas falam informações que não são verdadeiras, pra plantar uma coisa e colher outra, é um mundo muito diferente, de manipulação mesmo. Aí, esse amigo me deu um livro para que eu entenda esse universo daqui: ‘As 48 Leis do Poder’, escrito pelos americanos Robert Greene e Joost Elffers. Nossa, é maquiavélico o negócio, o leitor aprende a manipular pessoas e situações para alcançar seus objetivos. E descobre por que alguns conseguem ser tão bem-sucedidos, enquanto outros estão sempre sendo passados para trás. Vale a pena ler! Agora, eu ouço as pessoas, já fico com a pulga atrás da orelha, desconfiada se o que falam é de fato aquilo mesmo ou se é porque querem me induzir a um erro.

 

Invasão e gás

Uma coisa não mudou aqui: invasão, gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Quarta-feira, policiais civis vieram protestar contra a Reforma da Previdência, que retira da Constituição o artigo que reconhece a atividade de risco dos profissionais de Segurança Pública nos critérios de concessão de aposentadoria. Primeiro, eles tentaram invadir o plenário da Câmara e foram impedidos com o uso de bombas de gás lacrimogêneo, mas os manifestantes conseguiram entrar no prédio pelo túnel que dá acesso ao Salão Verde, que foi tomado por fumaça. Uma confusão, um empurra-empurra danado, muita gente tossindo e lacrimejando.

policia

 

Fim das sessões corujas?

Passadas as eleições da mesa diretora, os trabalhos na Câmara recomeçaram com uma novidade. O no escuropresidente Rodrigo Maia tem encerrado as sessões em plenário mais cedo, surpreendendo a muitos, inclusive eu. Rotineiramente, pelo menos nos dois últimos anos, 8 e pouco da noite ainda estavámos nos debates dos assuntos em pauta, mas terça e quarta-feira tudo foi finalizado nesse horário. E todos puderam ir para suas casas mais cedo. Aproveitei, então, e fui para o gabinete, terminar de fazer minhas coisas. Rotineiramente, faço isso após as sessões, para desespero dos funcionários (rs). Ontem, fui a última a sair do prédio. E admito, fiquei com medo! Tudo escuro e portas trancadas, por um momento pensei que ficaria ali até o amanhecer, mas achei uma saída aberta. Tomara que essa novidade continue, porque, sinceramente, é insalubre sessão madrugada adentro. E ainda há quem fale que deputado não trabalha.

A união venceu a pressão

Sempre que tem eleição nesta Casa, nossa, é uma tensão. E desta vez não foi diferente. Queríamos uma mulher compondo a mesa diretora e as bancadas feminina e jovem apoiavam a indicação da Mariana Carvalho (PSDB-RO), nossa amiga, uma querida. A 2ª secretaria da mesa, por acordo no bloco parlamentar, tinha ficado com o PSDB, que indicou o Carlos Sampaio. Mas queríamos uma mulher e pedíamos que a Mari se registrasse como candidata avulsa. Ela teria de fazê-lo até a meia-noite de quarta-feira. Quase estourando o prazo, vi que a Mari não tinha feito seu registro, então, decidi que eu seria a candidata, pois não me conformava de não ter uma mulher concorrendo à mesa. Iria pro páreo contra o Carlos Sampaio, tentando pegar a vaga do PSDB, isso daria uma confusão tremenda. Mas, quando telefonei para Mari para dizer o que havia decidido, ela avisou que estava oficialmente candidata. Ufa, que alívio!

mariana carvalhoSó que no dia da eleição, a Mari sofreu pressão tremenda do Aécio Neves, do líder do PSDB, que é o próprio Sampaio, de todos os tucanos, que queriam a sua desistência. Eu fico muito revoltada, sabe, porque é incrível a dificuldade dos partidos em abrirem espaços para novas lideranças. A situação ficou tão desconfortável que ela preferiu nem aparecer no plenário para fazer campanha. Enquanto eu ficava mandando mensagens pelo WhatsApp pra que não desistisse, as pessoas começaram a se revoltar com o que estava acontecendo, a ponto de todo mundo começar a pedir voto para a Mari. Sem brincadeira, ela venceria de goleada o Carlos Sampaio, que acabou desistindo de concorrer.

O pior foi o discurso muito deselegante de um tucano,  ao falar que a Mari não era a candidata oficial do partido e coisa e tal, mas ela venceu bonito, 416 votos, e a gente está super feliz. Foi uma grande vitória, e agora as bancadas feminina e jovem têm representatividade na mesa.

Galinhada tem de continuar

O meu amigo Fabinho Ramalho (PMDB-MG) foi eleito 1º vice-presidente da Câmara. Trata-se de um deputado bem articulado, trabalhador e determinado, que se dá com todo mundo na Casa. Isso já seria suficiente para explicar sua vitória, mas tenho aqui comigo que ele ganhou os parlamentares também pelo estômago. O Fabinho, ao longo desses dois anos e pouquinho da atual legislatura, foi o nosso salvador nas longas sessões em plenário que se arrastavam madrugada adentro. Quando a nossa barriga já se encontrava em estado de debilidade extrema, provocada pela falta de alimentação, ele surgia do nada na sala do cafezinho, ao lado do plenário, com uma galinhada saborosíssima ou outros pratos da culinária mineira. Nem preciso dizer que os deputados avançavam nas panelas como formigas num açucareiro. Como, com certeza, teremos muitas sessões corujas neste ano, espero que o agora vice-presidente da Câmara não abra mão dessa sua missão paralela e continue, nessas ocasiões, a salvar o estômago dos famintos deputados.

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A galinhada do Fabinho sempre chega em boa hora

Por que desse atrativo?

Eu nunca tinha entendido por que há uma disputa acirrada dos parlamentares para integrar a CMO (Comissão Mista do Orçamento), mas hoje descobri o motivo: o governo federal oferece a seus integrantes um belo de um atrativo, ou seja, uma emenda individual a mais a cada um para destinar recurso federal a seu município ou Estado. Para que vocês entendam, emendas individuais são recursos do Tesouro Nacional, com execução obrigatória, que os parlamentares direcionam para obras e interrogacaoserviços em suas bases eleitorais. Já a CMO é composta por 84 membros (63 deputados e 21 senadores) e, vejam bem, tem a responsabilidade de examinar e emitir parecer sobre as leis orçamentárias e suas propostas de emendas, os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição, bem como acompanhar e fiscalizar a execução orçamentária pelo governo. Então, eu pergunto: o que significa essa ‘verba extra orçamentária’ oferecida pelo Executivo para os integrantes desse colegiado? Cada um que tirem suas próprias conclusões.

‘Sim’ pra todos os candidatos

Bastidores da eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados são recheados de situações hilárias. Eu estava circulando pelo plenário, bem atrás de um deputado, quando um candidato ao cargo de 1º secretário o abordou e pediu que votasse nele. “Claro que sim, pode contar com isso, você é meu amigo”. Mal andou um metro e esse mesmo parlamentar foi interceptado por outro concorrente, pedindo a mesma coisa, que votasse nele. “Sim, conte comigo, meu voto é seu, fique tranquilo.” Gente, é incrível, aqui as pessoas não falam ‘não’, não dizem “não, sinto muito, mas já tenho candidato”, preferem prometer voto pra todo mundo. Político fazendo campanha pra político não tem como não rir.

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Plenário lotado para a eleição da mesa diretora da Câmara

Jantar garantido

No final de uma reunião, um deputado falou para irmos à casa do Rodrigo Maia, conversar com ele. Falei que não, queria jantar, porque estava morrendo de fome. “Vamos lá, a gente janta na casa dele”. “Como? Você nem sabe se tem jantar ou não. Como vai chegar na casa dele e querer comer”, argumentei. E o deputado foi rápido na resposta: “Ele é candidato, sempre tem comida”. E, realmente, estava tendo jantar, e todos os dias. Uma galera vai lá comer. Mas quando passar a eleição, nada mais de jantar. (rs)

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