Que dia!
Que segunda-feira! Vocês nem imaginam, mal dava para se deslocar por aqui. As dependências da Casa ficaram lotadas, com muita confusão e empurra-empurra, porque uma comissão da OAB chegou para entregar ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mais um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Sabe um estádio de futebol em dia de clássico? De um lado, centenas de advogados que acompanhavam o presidente da Ordem, Claudio Lamachia; do outro lado, mais advogados, petistas e simpatizantes, só que contra o impeachment. Separando os dois grupos, homens da segurança da Câmara. O pedido da OAB, aprovado por 26 das 27 bancadas estaduais da Ordem dos Advogados (só o Pará foi contra), se baseia em quatro pontos para pedir o impedimento da presidente: as pedaladas fiscais, a delação premiação do senador Delcídio do Amaral, a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil e a desoneração fiscal em favor da Fifa, em 2014. Quando a comitiva de Lamachia tentou entrar no salão verde para entregar o pedido na presidência da Casa, a confusão aumentou, muito corre corre, empurrões e gritos com palavras de ordem: ‘Fora Dilma, Fora Lula, Fora PT’, ditas pelo grupo pró-impeachment; ‘Não Vai Ter Golpe’, pelo grupo pró-governo. A entrega do documento não pôde ser feita diretamente a Eduardo Cunha, justamente por causa do clima de enfrentamento entre os manifestantes, que foi contido pela polícia legislativa. O pedido acabou sendo entregue na seção de protocolo da Casa. A multidão se dirigiu à chapelaria (onde os deputados estacionam seus carros e entram no Congresso). Ali, o presidente da OAB deu coletiva e a polícia teve muito mais trabalho para evitar o confronto entre os grupos. Quem está na Câmara há muitos anos disse que nunca aconteceu uma situação como essa na Casa. Os ânimos estavam bem acirrados mesmo.