Archive from dezembro, 2015

Política na conversa

Como a semana promete intensas atividades e muita movimentação por aqui, resolvi trazer meus filhos para Brasília. Acontece que mal os vi no fim de semana por causa da extensa agenda de compromissos em São Paulo, com a realização das ações sociais que costumo fazer no final do ano, levando Papai Noel e brinquedos nas comunidades carentes e alegrando um pouquinho a vida dessas crianças. Pretendia ficar com meus filhos na segunda-feira, mas o Eduardo Cunha convocou uma sessão extraordinária nesse dia. Eu já estava no aeroporto para embarcar quando recebi mensagem que a sessão tinha sido cancelada. Dei meia volta e corri pra agarrar meus filhotes, porque a saudade estava incontrolável. No dia seguinte, viajei com eles para Brasília. No avião, uma moça entrou com um Pixuleco. pixulecoE meus filhos começaram a brincar com o boneco. Interessante isso: no avião se ouvia muitas pessoas falando de política. Toda essa crise trouxe uma coisa boa: o brasileiro está falando de política, discutindo política. Está vendo que política tem impacto na sua vida. Até pouco tempo atrás, se você falasse de política numa roda de amigos, ninguém te ouvia, não dava a mínima. Enfim, o Brasil acordou. O fato é que nós dependemos de política, temos de participar. Acho que tudo tem um propósito na vida, sabe. Essa crise que estamos vivendo é para que o brasileiro entenda que precisa sim participar.

Assídua leitora de vocês

Amigos do blog, alguns de vocês perguntaram se eu leio os comentários. Sim, eu leio todos os comentários. Às vezes demoro para responder, mas leio um por um. Podem continuar se manifestando sim porque, assim como vocês me seguem no blog, sou assídua leitora dos comentários de todos, inclusive as críticas, porque a gente melhora com as críticas. Gosto muito de ler o que vocês escrevem.

 

O dilema do voto

Às vezes eu fico muito indefinida em algumas questões. Têm projetos que eu voto pela minha consciência. No entanto, têm alguns eleitores, que são de determinados segmentos e têm interesses em algumas causas, que ficam muito chateados por causa do meu voto, como aconteceu recentemente com o reajuste salarial do Judiciário. Isso me dói muito, sabe. Semana passada, por exemplo, teve um veto presidencial interessante, que eu gostaria de compartilhar com vocês. Foi sobre o programa Minha Casa, Minha Vida para policiais. Basicamente era para designar uma cota de moradias populares para os policiais, falando que era para proteger o policial e sua família de suposta ação de traficantes e bandidos. No entanto, na discussão que tive com os minha casatécnicos da Casa foram levantados alguns pontos que considerei muito importantes: primeiro, permitir essa concessão abririam um precedente incontrolável, porque outras categorias também iriam pleitear o mesmo privilégio, tipo por que os policiais sim, e nós não? Isso criaria discriminação, queiram ou não. Segundo, tecnicamente, se um policial já se enquadra nas regras do Minha Casa, Minha Vida já tem direito à moradia, se ele está no perfil de salário do programa já faz parte do grupo beneficiado. Se formos criar regras mais acessíveis para atender à essa classe, amanhã poderíamos estar deixando de atender a uma pessoa com um salário mais baixo e mais necessitada. E por fim, muitos dos conjuntos habitacionais do programa são dentro de comunidades, então, alegar que os policiais estariam mais protegidos não me pareceu uma justificativa razoável. Assim, analisando todos os argumentos, conclui que não era motivo de dar esse benefício, mas muitos amigos policiais, que votaram em mim, ficaram chateados. Às vezes eu paro e penso: o que eu faço? Será que é melhor ir contra o que eu penso e votar pelas pessoas que me deram esse voto confiança? Eu vivo esse dilema aqui.

 

Coautoria é importante, sim!

projetosEstava vendo um site de votação popular de projetos de lei e a minha proposta sobre proibir candidatos de concorrerem vestidos de palhaços ou interpretando um personagem tem maioria de aprovação por parte dos internautas. Alô, revista que criticou e ridicularizou meu projeto, é bom repensar sua linha editorial, porque a maioria do povo é a favor da minha proposta. Bem, nesse mesmo site tem outro projeto meu, que permite a coautoria de projetos de lei (leia post de 10 de outubro), em que alguns internautas escrevem assim: “Pô, projeto inútil, tanta coisa que o Brasil precisa e a deputada protocola um projeto desse”. Gente, quem não conhece o Legislativo não tem noção do quanto essa proposta é importante. A própria consultoria legislativa da Casa achou demais o projeto. Sabe por que? Um deputado protocola um projeto e aí outro tem a mesma ideia. Ou ele protocola o mesmo teor, que apensa e trava o processo legislativo, ou ele desiste, mas nesse caso corre-se o risco de a proposta inicial não ir adiante, muitas vezes porque o primeiro autor não tem interesse na articulação e só o fez para constar de seu material de prestação de contas. Então, quando eu defendo a coautoria há duas boas razões para isso: primeiro, fará com que os deputados possam entrar como coautores e isso não travaria o processo legislativo, o que é bom para todos os brasileiros; e segundo, aquele que tem interesse mesmo na sua proposta vai se empenhar na articulação e fazer com a proposta ande. Se isso não é importante para o País como um todo, então não sei o que é importante. É muito fácil ficar do outro lado criticando, dizendo que há coisas mais importantes para o Brasil. Eu tenho também mais projetos superimportantes para Educação, Saúde e tantos outros. Gente, é preciso vivenciar o dia a dia aqui dentro para ter noção da importância de determinados projetos.

 

A mentira não é o motivo

Para a gente que conhece os bastidores do Congresso chega a ser engraçada essa troca de farpas entre Eduardo Cunha e Dilma Rousseff. O presidente da Casa, Eduardo Cunha, afirma que deflagrou o processo de impeachment porque a presidente mentiu. A Dilma diz que quem mente é Cunha. O curioso é que os dois são alvo de icunha dilmanvestigação no Congresso. Há uma comissão especial a ser oficializada hoje para dar o parecer sobre o processo de impeachment. E há a Comissão de Ética da Câmara, que amanhã deve divulgar seu parecer sobre Cunha, que teria mentido na CPI da Petrobrás. Bem, nesse episódio do impeachment da Dilma, todos nós sabemos qual o motivo do aceite do processo: é falta de composição política, não é porque cabe ou não cabe o impeachment. A verdade é essa.

 

E agora? O que vai acontecer?

IMG_1022Que semana, gente! O grande acontecimento daqui, em Brasília, todos vocês já sabem: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitou o pedido do jurista Hélio Bicudo para abertura do processo de impeachment da presidente Dilma. As horas que antecederam esse anúncio foram de enorme expectativa no Congresso, porque todos aguardavam o posicionamento do Conselho de Ética sobre o pedido de cassação do mandato do Eduardo Cunha.

Para mim não foi surpresa, porque estava muito clara a situação: se os três deputados do PT, integrantes da Comissão de Ética, votassem favoráveis à cassação, o Eduardo Cunha aceitaria o pedido de abertura do processo de impeachment. Imaginem a pressão para todos os lados. Coitados desses deputados petistas naquele momento. Se eles votassem contra, estariam contra o partido e a opinião pública; se votassem a favor, teríamos o aceite do pedido de impeachment.

Aqui, a gente vive nessas encruzilhadas, sabe, se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come. É direto isso. Eu não queria estar na pele deles, não. Mas, enfim, eles declararam que votariam pela cassação do Cunha, então, aconteceu o que aconteceu: deflagrado o processo de impeachment da presidente Dilma.

Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas o processo é muito longo.  Criada a comissão especial, com 65 membros titulares e 65 suplentes, ela terá de dar seu parecer sobre a abertura ou não do processo de impeachment. O parecer, então, vai a plenário e o processo só será aberto se dois terços (342) dos 513 deputados votarem a favor. Depois, segue para o Senado onde, em sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, o impeachment somente será aprovado se 54 dos 81 senadores votarem a favor. Viram, não é uma coisa rápida. Nesse meio tempo, só digo uma coisa para vocês: vai valer muito a manifestação popular. Esta Casa é totalmente contagiada pela força da pressão popular. A grande interrogação disso tudo é o que vai acontecer com o Brasil durante todo esse processo?

 

Monstrengo na política

A Reforma Política agora está sendo votada no Senado e está aquele bafafá sobre a janela partidária para os deputados que queiram mudar de partido sem risco de perda de mandato. Vocês lembram, né, da liminar do Supremo assegurando a quem se mudar para um novo partido levar o Fundo Partidário e o tempo de TV? Neste ano, o TSE concedeu registro para três novas legendas: Partido Novo, Rede Sustentabilidade (da Marina Silva) e o PMB (Partido da Mulher Brasileira), que já tem 22 deputados. Diante disso, um parlamentar muito engraçado aqui saiu-se com essa: “Que monstrengo a gente está criando na Câmara. A Rede só leva peixe, o Novo só leva velho e o da Mulher só leva homem. Acabamos de criar um monstrengo na política brasileira”. kkkkkkk

Perseguição política

chico alencar

Chico Alencar foi denunciado à Comissão de Ética

Tem um deputado do Psol, o Chico Alencar, que está sofrendo pedido de cassação de mandato no Conselho de Ética. Trata-se de um deputado do qual eu discordo de quase todos os seus posicionamentos, ele é contra a maioria dos meus projetos, mas é um cara que eu respeito muito, é assíduo, dedicado, está sempre nos embates, lutando pelas coisas em que acredita. Eu admiro muito pessoas assim, que trabalham, que são responsáveis.  O Paulinho da Força, do Solidariedade, foi quem fez a denúncia, acusando o Chico Alencar de ter usado recursos da Câmara para fins eleitorais, tendo parte da sua campanha financiada por funcionários de seu gabinete, e de ter supostamente apresentado notas frias por serviços prestados por empresa fantasma para ser ressarcido. Gente, é pura perseguição política. Chico Alencar pertence a um dos partidos que protocolaram o pedido de cassação do Eduardo Cunha. Se tem uma coisa que eu odeio na política é quando usam dessas artimanhas horríveis para tentar se sobrepor ou intimidar. Política tem de ser feita com construção, com coisas positivas. Acho que nós mesmos denegrimos nossa classe. Para mim, essa é a situação do Chico Alencar. Apesar de não compartilhar das ideias dele, é um deputado que trabalha demais. Foi um dos mais votados no Rio de Janeiro e não merece essa perseguição. A gente lê uma notícia que fulano de tal está com processo de cassação no Conselho de Ética e não necessariamente isso significa que ele é bandido, muitas vezes trata-se meramente de uma perseguição política. Precisamos ficar atentos. Na política, o jogo costuma ser muito sujo.

 

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