Archive from agosto, 2015

É triste, mas é verdade

Nesta semana que passou, como vocês sabem, levei meus bebês para Brasília, porque eu estava sentindo muita falta deles. Já as sessões terminaram relativamente cedo e estou estranhei o encerramento dos trabalhos em plenário às 10 da noite. Sabe, eu tenho achado o presidente da Casa, Eduardo Cunha, meio desanimado. Isso é ruim, porque não dá aquele ânimo na Câmara, né, acostumados que estávamos em ficar no plenário até a 1 hora da madrugada. Votamos dois projetos importantes, que foi o infanticídio e a PEC dos Cartórios. E eu preciso revelar uma coisa para vocês, porque este blog prega a transparência. Lembram lá no início do mandato que eu critiquei os deputados porque não liam os projetos, liam apenas o resuminho? Pois é, a proposta dos cartórios eu votei lendo o resuminho. A quantidade de projetos que tem nesta Casa, realmente, fica difícil ler tudo. Imaginem, na CCJC teve mais de 40 projetos, Ciência e Tecnologia, mais 30, mais as articulações que têm de fazer para os seus projetos, além de comissão especial, relatoria. Realmente, não deu tempo de ler o camalhaço todo da PEC. É triste, mas é verdade. O projeto foi colocado na última hora. Cheguei no plenário na hora da votação, perguntei o que estava sendo votado, os colegas me passaram um briefing, obviamente discuti o tema rapidamente com a assessoria e dei meu voto no que entendia ser pertinente, mas, admito, realmente é difícil ler tudo ao mesmo tempo, até porque a sessão costuma acontecer no mesmo horário em que as comissões estão em andamento. Têm vezes que as reuniões nas comissões têm de ser interrompidas porque começou a votação em plenário. Aí, você sai correndo. Aliás, corre o tempo todo para estar presente em todos os lugares. É loucura! Então, dou a mão à palmatória e me redimo do comentário feito meses atrás, porque não dá tempo mesmo de ler todas as propostas que entram em discussão ao mesmo tempo.

Fala que eu não te escuto

Leitor assíduo deste blog, Cristovão Martins Torres me escreve sobre os pronunciamentos na tribuna da Casa: “Não deve ser fácil fazer um discurso na tribuna da Câmara, que deve ser preparado com muito carinho pelo deputado, e, quando o mesmo vai falar, os colegas ficam com conversas paralelas, não prestando atenção no que está sendo dito”. É verdade, Cristovão, isso foi a primeira coisa que me chamou atenção quando entrei nesta Casa. É engraçado, porque não tem cadeira para todos os deputados, ou seja, se todos quiserem sentar para ouvir os discursos e pronunciamentos, não tem lugar. Assim, fica aquela bagunça, um falando e ninguém ouvindo, sem prestar nenhuma atenção ao que o colega está dizendo ao microfone.  É bom ressaltar, no entanto, que grande parte daquele pessoal aglomerado naquele espaço frontal do plenário está discutindo tanto a matéria quanto a estratégia. Ali são discutidos emendas que entram na hora e substitutivos, que entram para votação no lugar do projeto. É naquele burburinho que a articulação do projeto acontece. Se ficar sentado não consegue falar com o líder, que fica justamente nessa área para orientar a bancada. Então, quem quer pedir alguma coisa ou mudar algo vai até lá. É importante esclarecer isso. É uma bagunça? É, mas é uma bagunça organizada. Poucos ouvem os oradores? Sim, é verdade também. Acho até que deveria ter uma regra para limitar o número de oradores porque, em cada votação, vai muita gente para a tribuna, muitas vezes para repetir o que já foi dito ou só para aparecer na transmissão da TV Câmara. E muitas vezes os presentes já têm opinião formada sobre o assunto, salvo um caso ou outro o tema já foi exaustivamente discutido nas comissões  lideranças e blocos. Enfim, concordo com você, Cristovão, sobre o fato de o orador falar sem ser ouvido, deveríamos ter um avanço disciplinar essa equação orador x ouvintes.

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Poucos prestam atenção aos discursos  (Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)

Contra o porte de armas

Nesta semana, a CCJC (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) votou e aprovou um projeto de lei que eu achei um absurdo. Votei contra, mas a maioria dos deputados integrantes votou a favor. Nessa votação, mais uma vez, percebi que a pressão popular aqui é quem manda. Se o povo vem pra cá, consegue mobilizar. Geralmente, quem se mobiliza é quem tem interesse pessoal no projeto. Mesmo que o resto da população seja contra, o povo não se mobiliza. E quando chega aqui, a mobilização acaba interferindo. O projeto na CCJC era sobre o porte de armas para agentes de Trânsito. Agentes de Trânsito! Eu achei um absurdo isso, primeiro porque acredito que armar alguém gera mais violência. Além do mais, para mim, ninguém, por mais psicologicamente equilibrado que seja, não está livre de, num momento de estresse no trânsito de São Paulo, por exemplo, pegar uma arma e atirar em alguém. Não garanto isso nem de mim mesma, quanto mais dos outros. Uma mulher de TPM a gente sabe como é, né? Achei absurdo, todo mundo estava a favor porque tinha muito agente lá pressionando. Peguei o microfone e falei porque sou totalmente contra armar as pessoas, não é assim que vamos amenizar a violência, aí outros deputados também se posicionaram contra, mas o projeto foi aprovado. É claro que os agentes de Trânsito vieram brigar comigo, mas é um posicionamento meu, não sou contra os agentes em si, mas sou contra armar a população em geral.  Quanto mais gente estiver armada mais estaremos sujeitos a um ataque de fúria, a uma besteirinha qualquer para sacar uma arma e atirar. Não sei, é minha opinião, entendeu? Gosto de compartilhar com vocês minha opinião, sei que muitos discordam, outros concordam, mas acho legal vocês saberem como eu penso.

 

Agora é a vez do Senado

Fui de novo no Senado, agora para pedir aos senadores que nos ajude na segunda parte da Reforma Política. Há pontos controversos, como a proporcionalidade de candidatos numa chapa pura e em coligação (falei disso nos posts de 14 de julho e 21 de agosto), que, do jeito que foram aprovados, prejudicam os pequenos e médios partidos. Então, estive no Senado para pedir apoio, principalmente do Aécio Neves, de quem fui aliada na eleição do ano passado. Como vocês sabem, a Reforma Política foi aprovada em dois turnos pelos deputados federais e agora é o Senado quem analisa o assunto, podendo aprovar, ou não, todos os 17 itens definidos no plenário da Câmara. Vocês lembram quais foram? Vou expô-los aqui: 1) candidaturas simultâneas –  não será permitido se candidatar simultaneamente a cargos majoritários e proporcionais; 2) cláusula de desempenho –  só poderão receber dinheiro do Fundo Partidário e usar o horário de rádio e TV partidos que elegerem ao menos um deputado federal; 3) coincidência de eleições –  não haverá eleições municipais e gerais em um único ano; 4) federação partidária  – rejeitada a proposta pela qual partidos se unem antes das eleições e permanecem unidos durante uma legislatura); 5) fidelidade partidária – perderá o mandato aquele que se desligar do partido pelo qual foi eleito, exceto em casos de discriminação pessoal ou mudança substancial do programa praticado pela legenda; 6) fim das coligações –  mantido o sistema atual, mas modificando a proporcionalidade de candidatos em chapa pura e em coligação; 7) financiamento de campanha – empresas só poderão doar a partidos enquanto pessoa física pode doar para candidatos e partidos); 8) idade mínima para deputados –  18 anos; 9) idade mínima para governador e senadores –  29 anos; 10) mandato das mesas diretoras do Senado e Câmara – 2,5 anos e recondução vedada mesmo entre legislaturas diferentes); 11) vagas para mulheres no Legislativo – não haverá cotas de preenchimento; 12) projeto de iniciativa popular – redução da quantidade mínima de assinaturas para 500 mil, além de 0,1% de adesão dos eleitores em cada estado; 13) reeleição – fim da reeleição para cargos do Executivo; 14) registro das propostas – não será exigido das propostas dos candidatos; 15) sistema eleitoral – mantido o sistema atual nas eleições proporcionais; 16) voto facultativo – mantido o voto obrigatório para maiores de 18 anos; 17) voto impresso – passa a existir a versão impressa do voto de cada eleitor para conferência.

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Nós vamos invadir sua praia

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Meus filhos ‘invadiram’ o plenário e eu amei essa visita surpresa

Meus filhos, Felipe e Rafael,’ invadiram’ o plenário (rs) da Câmara dos Deputados, em visita surpresa que me fez muito bem. O Felipinho ficou doido, queria porque queria sentar na cadeira do presidente da Casa, Eduardo Cunha, pegar o microfone e cantar. Acho que a veia política dele está bem aguçada.

Coisas boas não são divulgadas

Contratei uma jornalista para escrever um livro sobre o meu pai, José de Abreu, cuja história de vida é muito bonita. Estava lendo alguns capítulos já prontos. Um dos depoimentos é da minha mãe, Cristina de Abreu, e, ao lê-lo, disse “é isso, mesmo”. A gente tem lá no Centro de Tradições Nordestinas, a nossa ONG em São Paulo, um trabalho social muito bonito. Em determinado ano, fizemos uma campanha, chamada SOS Nordeste, arrecadando alimentos para mandar ao povo nordestino. Na época, uma emissora de TV quis falar com a diretora do CTN, que era justamente minha mãe. Mas, quando a equipe de reportagem soube que ela era a esposa do deputado José de Abreu, alegou que não iriam mais entrevistá-la porque não poderiam promover um deputado, ou seja, promover as coisas boas que um político faz a mídia diz que não pode, mas as coisas ruins sempre têm espaço garantido. Por isso,  acho que a mídia também é responsável por desestimular pessoas do bem a ingressarem na política. Por que um político, ou sua família, não pode dar entrevista sobre um trabalho social bonito que realiza? Isso aconteceu comigo também, quando estava à frente do comando do CTN. A imprensa precisa rever seus conceitos, quando passar a divulgar que existem políticos que também fazem coisas boas  iremos, naturalmente, atrair outras pessoas do bem a participar da política. Não é isso que acontece, infelizmente!

Trouxe meus príncipes

Essa semana que passou foi muito estressante. Voltei de Brasília, fiquei sábado e domingo cumprindo compromissos partidários em Praia Grande e Sorocaba e quase não vi meus filhos. Isso tem me deixado agoniada. Segunda-feira, passei o dia em reunião política. Sai quase meia-noite da sessão solene pelo aniversário da Freguesia do Ó. E hoje vim para a Capital federal. Não aguentei: comprei passagem aérea para meus dois príncipes e eles estão aqui, comigo, porque a saudade está demais. É difícil… mas é por eles que a gente luta todos os dias, né?

Mais briga pela frente

Todos vocês sabem da minha intensa briga sobre a Reforma Política. Fizeram uma Lei Infraconstitucional que prejudica muito os pequenos partidos, criando regras absurdas. Eu já falei no blog sobre isso. Uma delas diz respeito as coligações. Hoje, quando um partido lança uma chapa completa, pode lançar uma vez e meia o número de cadeiras em disputa e, se for coligação, duas vezes. A regra aprovada na Infraconstitucional manteve uma vez e meia para partido único, mas, se coligar, só poderá lançar o número exato de vagas (leia o post Matemática ilógica: 1+1=1, publicado no dia 14 de julho). Um absurdo, qual a lógica disso? Pois bem, como a proposta já está em análise no Senado, bati na porta do gabinete do Romero Jucá, relator da comissão no Senado, e infernizei o senador. Disse que aquilo era absurdo, não tinha lógica, que não podia ser assim. Pedi que excluísse esse artigo ou mantivesse como era. Enfim, marcação cerrada em cima dele. Estava eu em São Paulo, no velório do meu tio, quando recebi a notícia que o senador acatou meu pedido. Fiquei muito contente. Nossa, fiquei tão calma que até minha gastrite melhorou. Mais feliz ainda quando Romero também me ouviu sobre o prazo de filiação. A Câmara diminuiu o período de filiação para seis meses, o que era muito ruim, porque iria virar um leilão na época das eleições, com os grandes partidos e seu poderio financeiro comprando todo mundo. Falei isso para o Romero e ele mudou esse prazo, estipulando um ano. Aí, no jantar de aniversário do Russomanno, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, comentou que o Senado tinha de manter os seis meses. “Vocês não se conversam, não?”, perguntei a ele, ao mesmo tempo que, coçando a cabeça, conversava mentalmente comigo mesma: Poxa, quando ele souber que fui eu que pedi para mudar esse prazo… O Eduardo Cunha continuou falando sobre o assunto, adiantando que, se houver mudança, ele vai derrubar na Câmara. Ai, não aguentei e falei: “Presidente, essa campanha vou ser contra você”. Agora, cá entre nós, brigar com o presidente da Casa não vai ser fácil (kkkkk).

Denúncia sem cabimento

Acabo de ser notificada de um inquérito policial, que está correndo contra mim, por distribuir caderno escolar, capa dura, em uma cidade que eu nunca fui, durante o período eleitoral. Se eu não fiz isso, só posso deduzir que alguém mandou fazer esse material, tirou foto e registrou queixa com o único intuito de me prejudicar. Não entendo o porquê disso, pois, como disse, não fiz campanha naquela localidade. Esse tipo de política suja eu abomino. Lamentável. Estou com muita raiva!

As três partes da Câmara

Quarta-feira foi uma loucura. Para quem tem pânico de avião, então, foi um duro teste. Infelizmente, meu tio, Luiz de Masci Abreu, faleceu em São Paulo e tive de ir ao velório e voltar rapidinho para Brasília, porque haveria votação do segundo turno da Maioridade Penal. Assim, passei algumas horinhas (terríveis) dentro do avião. Já na sessão, fiquei impressionada pelo clima de tranquilidade. Imaginei um cenário semelhante ao do primeiro turno, quando tivemos as dependências da Casa e as galerias do plenário apinhadas de manifestantes a favor e contra a maioridade penal, mas, não, desta vez não houve qualquer manifestação. Foi outra vitória, porque sou a favor da redução, como já expliquei aqui no blog. Bem, com uma votação tranquila, encerramos o expediente relativamente cedo e fomos prestigiar o aniversariante Celso Russomanno. E sabe como que é, né, em clima descontraído o papo informal rola solto. Numa dessas conversas, um deputado descreveu, em tom de brincadeira, como é composta a Câmara: “Na Casa temos 1/3 que trabalha, 1/3 que não trabalha e 1/3 que só atrapalha” (risos).

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Deputados comemoram a aprovação, em 2º turno, da redução da Maioridade Penal

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