Archive from março, 2015

Dinheiro ou cartão de crédito

Sabe como a gente se sente na Câmara? É mais ou menos como ir às compras com cartão de crédito ou com dinheiro. Com dinheiro, você gasta menos, porque vê o quanto está gastando; já com o cartão de crédito, você não sente (só quando vem a fatura, e ai se arrepende imensamente do quanto gastou, né?). No Congresso, é a mesma coisa: você vota no apertar de um botão. As pessoas não têm noção do que aquele botão representa. O botão é o cartão de crédito. Dias desses, entraram duas emendas na lei das domésticas. Uma falava sobre o percentual do empregador e a outra, sobre o percentual de dedução no IR do custo com o empregado doméstico. Eu achei ambas muito interessantes, conversei com o nosso bloco e votamos ‘sim’, mas parte do plenário apertou o botão sem ter conhecimento exato do que se tratava. É muito nítida a despreocupação de vários com o que está sendo votado, o desinteresse em aprofundar o tema, em debater. Isso me deixa muito triste, porque apertar o botão pode parecer um gesto simples, sem consequência na hora, mas a fatura desse gesto vai chegar. E ai, vai adiantar se arrepender depois?

Vida fácil, né?

Calhamaço de projetos em votação em um dia

Esse é o calhamaço de projetos em votação que a gente tem de ler para votação

Olha o calhamaço que tenho em mãos. É a quantidade de coisas que a gente tem de ler para votação no dia. E eu faço questão de ler tudo, mas tudo mesmo, que é para votar tendo amplo e total conhecimento do que se trata e, com isso, ter certeza do voto que vou dar. Fosse esse o único compromisso do dia, mas, que nada: além das votações, há ainda as reuniões das comissões, o atendimento em gabinete, os compromissos agendados, fora outras agendas que surgem a cada momento e que é muito importante estar presente. E há quem diga que vida de parlamentar é fácil, né?

A 1ª vez, a gente nunca esquece

Foi demais! Presidi a sessão da comissão especial da Reforma Política. O presidente Rodrigo Maia precisou se ausentar no meio da reunião e me chamou para ocupar seu lugar. Minha primeira experiência. Foi muito legal, admito que fiquei totalmente perdida (afinal, foi a primeira vez, né?), mas deu tudo certo. No fim, teve um requerimento convidando os presidentes nacionais dos partidos para irem lá, obviamente os grandes partidos. Já fiquei brava na hora e comecei minha manifestação para que os pequenos partidos também sejam convidados. No geral, foi ‘ma-ra-vi-lho-so‘ presidir a reunião. Amei!!!

Dedos cruzados

Participei da reunião de líderes e pedi para que o presidente e demais participantes apoiassem a inclusão na pauta de meu Projeto de Lei de Educação (Altera os dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir Educação Política, Noções Básicas de Direito, Educação Ambiental e Primeiros Socorros como componentes obrigatórios nos diversos níveis da Educação Básica), minha principal bandeira de campanha. Consegui coletar as assinaturas dos líderes e agora consegui a inclusão do meu projeto. Estou super feliz, vai ser votado o requerimento de urgência e, se Deus quiser, vamos aprovar esse projeto de lei em tempo recorde. Dedos cruzados e… torcendo muito.

As votações da Casa

Há dois tipos de votação na Câmara: a simbólica e a nominal. Na simbólica, você mal tem tempo de pensar. Por exemplo, tem um projeto de lei com requerimento de urgência. Ai, o presidente da Mesa diz ao microfone: “Os deputados que concordam com a aprovação permaneçam como estão”. Num estalar de dedos, ele anuncia: “Aprovado”. Por isso, é simbólica, mas é estranho. Não dá nem tempo de a gente piscar os olhos. Ele fala muito rápido.

Já a votação nominal ocorre quando um partido, ou bloco, pede verificação nominal, que é votar individualmente, com o nome da gente aparecendo no painel eletrônico da Casa. Se um deputado estiver ausente e não justificar a ausência, terá a falta descontada do seu salário. Só podem pedir votação nominal partidos ou blocos que tenham acima de 31 deputados. Por isso que é muito importante a formação de blocos, porque a gente une os pequenos, e juntos nós temos 31, podendo pedir a verificação de quórum. Votação simbólica é muito perigosa, porque é muito rápida e aprova-se o que quiser.

Orçamento aprovado

Finalmente, teve a aprovação do Orçamento da União. Incrível! Estava desde o ano passado no Congresso, tudo parado porque o Orçamento não era aprovado, os caras se mataram desde 2014 e agora… foi aprovado em votação simbólica!!! Não teve nem votação nominal. Mata, mata, mata pra dar em pizza. Mas, enfim, foi aprovado, graças a Deus, e agora as coisas devem andar.

Sim é sim ou sim é não?

Isto aqui é muita confusão. Preciso registrar meu sentimento neste blog (que um dia vai virar livro e, quem sabe, um manual para os futuros novatos do Parlamento). Entra uma emenda pedindo a supressão de um texto que foi aprovado. Ai você não sabe se votar ‘sim’ é votar na manutenção do texto ou se o ‘sim’ é para suprimir, eliminar, o texto. Todo mundo fica perdido, todo mundo falando ao mesmo e ninguém entendendo exatamente o que significa esse ‘sim’. No fim, muita gente acaba votando errado. Afinal, o ‘sim’ é ‘sim’ mesmo ou o ‘sim’ significa ‘não’?  É pra endoidecer!

Ao lado do presidente

Presenciei uma cena muito engraçada agora. Tem um deputado de Belo Horizonte, o Edson Moreira, que é uma figura. Ele é doido, doido, doido (sentido figurado da palavra, é claro). Eu estou aqui sentada, votando requerimento de inversão de pauta no plenário, olho para a Mesa Diretora e ele está lá, sentado ao lado do presidente, Eduardo Cunha. Ele invade a mesa, senta-se à direita do Eduardo Cunha e dá uma de bonzão. É mesmo muito engraçado esse deputado. Vale o registro: o Edson Moreira é o delegado mineiro que prendeu o goleiro Bruno, do Flamengo, condenado pelo assassinato da namorada Eliza Samudio.

 

Deputado Edson Moreira senta na Mesa Direitora, ao lado de Eduardo Cunha

Deputado Edson Moreira senta-se na Mesa Direitora, ao lado de Eduardo Cunha

Meu velhinho caolho

Meu pessoal fica rindo de mim por causa do carro que uso para os deslocamentos em Brasília. Estou sempre pegando carona com meus assessores. Um deles tem um Gol velho, branco (na realidade, amarelado pela ação do tempo) e farol queimado. Quem me conhece sabe que eu não ligo pra esse negócio de automóvel. Quando estamos na chapelaria do Congresso, esperando meu carro sair da garagem, e de lá surgem aqueles carrões importados, todos estilosos, lataria brilhando, cheirinho de novo, minha equipe não se segura e cai na gargalhada. É que no meio desse desfile de ‘máquinas’, surge o meu Golzinho, velhinho e caolho.

Desistiu do desafio

Meu marido, Gabriel Melo, vinha reclamando demais que eu não atendia seus telefonemas e não retornava suas ligações. Carente, chegou a dizer que eu o estava abandonando (snif, snif). Então, lhe fiz um desafio: passar esta semana comigo no Congresso. Conclusão: ele desistiu já na segunda sessão. Hahahaha. Não aguentou. Jogou a toalha. Viu que, realmente, não tem como atender o telefone.  O ritmo aqui é mesmo alucinante e enlouquecedor!

Olha a carinha dele, a meu lado, durante a sessão: cansadíssimo

Olha a carinha dele, ao meu lado, durante a sessão: cansadíssimo

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